A sucessão empresarial é o tipo de situação, que mesmo prevista, gera sentimentos múltiplos em quem atua na empresa — medo, expectativa, saudosismo, resistência — causando impactos que podem fugir do controle da nova gestão.
Para diminuir esses conflitos e conduzir a empresa pelo novo formato, sem afetar o negócio e o bom desempenho dos funcionários, a melhor estratégia é montar um plano de sucessão empresarial.
Neste post, além do conceito de sucessão empresarial, você vai conhecer os tipos existentes e como funciona o processo para elaborar um plano que seja adequado e eficiente para a sua empresa. Continue lendo para dominar o assunto!
O que é a sucessão empresarial?
Toda mudança que ocorre na organização de uma empresa, com troca de lideranças e diretorias, é chamada de sucessão empresarial. Nesse tipo de processo, o controle e o poder sobre a administração são transferidos formalmente.
Falaremos mais adiante, mas a sucessão pode ser familiar, trabalhista ou por aquisição de fundo de comércio. Para cada tipo de sucessão, há procedimentos e práticas que devem ser seguidos para garantir uma transição sem traumas.
Quando acontece?
Existem diversas razões que motivam uma sucessão:
- mudança na razão social;
- mudança no número de sócios;
- alteração de empresa individual para sociedade;
- transformação, fusão, cisão ou incorporação de sociedades.
Quais os tipos existentes de sucessão?
Dentro dos motivos para as ocorrências de sucessão, os tipos mais comuns são sucessão familiar, sucessão trabalhista e aquisição de fundo de comércio e, em cada um, há critérios que precisam ser observados.
Sucessão familiar
Quando a titularidade da empresa é transferida do pai para sucessores naturais ou para outro membro da família. Ela pode ocorrer por motivo de decisão de aposentadoria, afastamento ou falecimento.
O sucessor herdeiro passará a responder por todos os ativos e passivos das empresas, além das funções correspondentes. As decisões e atribuições serão de responsabilidade do novo gestor.
Sucessão trabalhista
Nesse tipo de sucessão, quem assume a empresa — que pode ser um grupo de empresas ou apenas um empregador — assume todos os contratos trabalhistas e a relação com os empregados vinculados a eles.
Os contratos não se alteram em função da mudança de titularidade da empresa, ou seja, todos os empregados terão seus direitos mantidos, independentemente de quem estiver respondendo pela empresa.
Importante: caso se comprove fraude durante o processo de sucessão, o antigo gestor responderá solidariamente com a atuação da gestão por todos os contratos trabalhistas.
Aquisição de fundo de comércio
Quando há a aquisição de um ponto comercial, todas as atividades, dívidas e bens do antigo dono passam a ser de responsabilidade do novo proprietário. O negócio permanece inalterado, pois parte principal de atividade-fim também é transferida.
Como funciona o processo de sucessão empresarial?
Em casos de herança natural na família, aquisição por compra de todas as quotas ou investimento, não será obrigatória a formalização da sucessão, mas recomenda-se a elaboração de um plano de sucessão para adequar a empresa à nova realidade, sobretudo, dos funcionários.
A parte prática será de organização administrativa e financeira, fiscal e operacional, renegociação de dívidas (caso existam), planejamento estratégico, gestão de pessoas — todas as obrigações que a empresa já cumpre em sua rotina, mas sob uma nova ótica.
Veja a seguir algumas regras importantes que precisam ser observadas.
Regras sobre dívidas
O Código Civil determina que o sucessor passe a ser o responsável por todas as dívidas contabilizadas, mas o alienante passa a ser devedor solidário. Isso quer dizer que a dívida pode ser cobrada do dono anterior e, também, do seu sucessor.
Regras sobre créditos
Nesse caso, o adquirente passa a possuir os créditos, podendo o devedor quitar as dívidas com o sucessor ou o alienante.
Regras sobre contratos
Apenas os contratos empresariais, constituídos como pessoa jurídica, serão mantidos sob a responsabilidade do sucessor, mudando apenas o contratante. Em caso de contrato pessoa física, o contratado poderá se desligar a qualquer momento.
Por que é tão importante elaborar um plano de sucessão?
A sucessão empresarial, independentemente dos motivos para acontecer, causa impacto, em função da mudança no ambiente organizacional. É preciso preparar os funcionários para receber a nova gestão e se adequar às novas regras e diretrizes.
Em caso de sucessão familiar, muitos funcionários que já atuam na empresa há mais tempo sentirão com a mudança, principalmente, se o estilo de gestão for muito diferente — muitos têm dificuldades de desapego, embora sejam fiéis à empresa.
Para evitar conflitos e dificuldades de adaptação, o ideal é elaborar um plano de sucessão que contemple todas as áreas e funcionários da empresa. A transição deve ser gradativa, com análise do cenário em que a empresa se encontra, dos dados financeiros e da gestão de pessoas.
É normal sentir insegurança e medo diante de um processo de sucessão. Muitos funcionários sentem receio de perder o emprego, por isso, o treinamento e a comunicação são fundamentais para evitar maiores problemas.
Todos os líderes devem ser envolvidos para que transmitam maior segurança às suas equipes, enfrentando juntos o período de mudança, fortalecendo as ideias de crescimento da empresa, mesmo que sob o comando de outra gestão.
Como elaborar um plano de sucessão empresarial?
O plano de sucessão empresarial deve reunir processos e políticas de preparação que envolvam todos os setores e os funcionários, deixando-os cientes de que a empresa passará por uma transformação.
As mudanças dependem do tipo de sucessão, dos objetivos da nova gestão e da situação financeira atual do negócio. O importante é que todas as alterações devem ser claras e objetivas, sem margem para inseguranças e incertezas.
Trouxemos algumas dicas de como elaborar um plano de sucessão para ajudar na implementação de ações mais consistentes.
Elaborar estratégias e operações de transição
É preciso se preparar para entrar em ação, tão logo a sucessão aconteça, afinal, as atividades não podem parar e a empresa continuará funcionando mesmo com a mudança de gestão. Porém, esse processo pode ser mais tranquilo do que a maioria das pessoas pensa que é.
Até que sejam elaboradas novas políticas de direcionamento, é essencial criar estratégias para as operações durante a fase de transição. Manter as atividades em andamento, com alterações gradativas e participação dos funcionários, vai motivá-los a cooperar e a aceitar a mudança com mais naturalidade.
Preparar os futuros líderes
Em qualquer tipo de sucessão, alguém diferente do antigo gestor assumirá o comando; portanto, é alguém que também terá que se adaptar a uma nova realidade. Mesmo um sucessor com formação e experiência para administrar uma empresa terá pela frente o desafio de liderar pessoas.
Os processos são predeterminados, cabendo avaliação técnica e decisão de permanência ou alteração, mas as pessoas exigem maior cuidado, uma vez que os funcionários constroem expectativas em torno do trabalho.
O sucessor deve ter a sensibilidade de compreender todos os aspectos da empresa e transmitir segurança aos liderados. Conhecendo a organização como um todo e, também, o comportamento dos funcionários será mais fácil prosseguir com a transição.
Engajar a equipe de trabalho
Desde o início, é fundamental que os funcionários estejam cientes e envolvidos no processo de sucessão. Eles serão a parte essencial e de maior responsabilidade na continuidade da rotina diária.
Seu comprometimento e sua participação dependerá do incentivo que eles terão para manter o trabalho em dia, enquanto aguardam novas orientações. Até lá, estimular o trabalho em grupo e a atuação efetiva nos projetos vai mantê-los ativos e menos preocupados com o processo sucessório.
Manter a equipe bem informada, envolvê-la nas decisões e comunicar alterações e mudanças é a melhor forma de trazer os colaboradores para perto da gestão e conquistar seu engajamento.
Melhorar a comunicação interna
Por falar em comunicação, o diálogo é o caminho mais eficiente para fazer com que a transição e as mudanças sejam bem compreendidas. Utilizar a comunicação como um canal direto de informações é fortalecer as relações do presente, pensando no futuro da organização.
A comunicação além da mediação de conflitos pode evitar a saída de profissionais importantes para a empresa — aqueles que atuam em uma posição estratégica, com atividades que impactam os rumos do negócio, são os mais essenciais para se conquistar a fidelidade.
Contar com ajuda profissional
A ajuda profissional será bem-vinda para um trabalho de mediação e consultoria. É difícil manter os processos exatamente como na gestão anterior, pois algumas mudanças serão necessárias para adequar perfis e expectativas.
A reformulação de políticas internas, instruções normativas e formulários pode ser inevitável, se a nova gestão tiver uma visão diferente do que já se faz na empresa — enquanto os gestores se ocupam da visão macro, profissionais especializados darão suporte com os procedimentos micro.
Mesmo depois da sucessão e findado o tempo de transição, pode ser que a gestão esteja ainda em fase de análises e decisões. Logo, contar com um apoio para ajudar os gestores a visualizarem os processos com maior clareza e conduzirem os rumos da empresa da melhor forma possível é um grande benefício.
Quando uma sucessão empresarial acontece, a ideia de aumentar a produtividade e melhorar a visibilidade no mercado é um sentimento genuíno de qualquer gestor. Os processos otimizados e os funcionários engajados são a receita de sucesso e vantagem competitiva.
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