Em 1939, após estudarem minuciosamente o mercado, os psicólogos Ralph White e Ronald Lippitt identificaram três tipos de liderança nas empresas: autocrática, democrática e liberal. De lá para cá, muita coisa aconteceu, de modo que os conceitos se expandiram.
Assim, os três modelos se tornaram sete ou até mais, dependendo da classificação de cada autor. Neste post, falaremos dos estilos de liderança iniciais e das suas principais ramificações, assim como as limitações e as vantagens de cada um deles. Boa leitura!
1. Autoritária
O autoritário é aquele que determina o que deve ser feito — e sem meias palavras. Ele sempre espera que os colaboradores o obedeçam sem pestanejar ou levantar objeções. Esse estilo de liderança pode gerar alta produtividade dos funcionários (por medo da exposição), mas também frustração.
Isso porque uma personalidade forte e dominadora terá dificuldade de se relacionar com determinados membros da equipe, o que pode prejudicar a retenção de talentos. Essa característica também pode se chocar com tendências do mercado de trabalho atual, como profissionais que priorizam o trabalho com propósito.
Nesse cenário, mais e mais pessoas estão buscando trabalhar em empresas que sejam menos tóxicas. O líder autoritário pode ser efetivo em empresas nas quais a ordem e a hierarquia são as características mais valorizadas, mas exageros no comportamento levarão à perda de profissionais de alto nível.
2. Democrática
Líderes democráticos são aquelas pessoas que prezam pelo equilíbrio e pela justiça, que ganham a simpatia das equipes pela capacidade de escutá-los e levar as suas sugestões em consideração. Algumas das suas características são:
- capacidade de recompensar bons trabalhos;
- fazer duras críticas caso o resultado não seja o esperado;
- delegar tarefas de acordo com as habilidades da equipe;
- bom trato pessoal.
Justamente pela personalidade mais afável, principalmente quanto pensamos em líderes autoritários, pode ser afrontado por pessoas que se sintam prejudicadas e que queiram se reunir em grupos para derrubá-lo do cargo.
No entanto, uma postura justa e democrática ainda é a mais recomendada para a maioria dos cargos de chefia. Afinal, esses profissionais são capazes de escutar os problemas, propor soluções, delegar tarefas de acordo com as habilidades dos trabalhadores e reter colaboradores talentosos, cujas habilidades serão reconhecidas.
3. Liberal
Líderes liberais são aqueles que estimulam a autonomia e a livre expressão de ideias. Empresas que contam com horários de trabalho flexíveis e uma aceitação maior do trabalho remoto são, normalmente, chefiadas por gestores com essa característica.
Contudo, um líder liberal só terá sucesso se reunir ótimos profissionais ao seu redor. Afinal, sem uma equipe que realmente dê conta do recado, estimular a autonomia e a flexibilidade podem ser decisões que atrasem o crescimento da companhia.
Líderes autoritários obrigam os colaboradores a cumprir metas rígidas. Já liberais apostam em um ambiente com menos pressão, em que cada um se sinta confortável para produzir à sua maneira. Nesse sentido, os projetos de longo prazo são os melhores para profissionais mais liberais.
Isso porque projetos longos demandam tempo e calma para que tudo dê certo. Assim, líderes liberais são ótimas escolhas para organizações mais criativas, que precisem da discussão de ideias e dos insights para prosperar.
4. Motivadora
Líderes motivadores gostam de apostar todas as suas fichas em um clima organizacional positivo. Desse modo, eles conseguem adaptar as atividades para métodos nos quais os colaboradores se sintam mais estimulados.
O grande trunfo de líderes motivadores é a capacidade de gerir as questões emocionais dentro do trabalho, ao solucionar problemas de relacionamento que estejam emperrando os projetos. É aquela pessoa que todos gostam de ter por perto.
Embora bastante valorizados, os motivadores perdem o foco no trabalho caso se concentrem exclusivamente nas vidas pessoais dos colegas. Por isso, é preciso um equilíbrio entre a preocupação com o emocional e com o cumprimento das metas.
5. Situacional
Os líderes situacionais são aqueles que conseguem reagir de acordo com o que cada contexto requer. Nesse sentido, suas principais características são:
- maleabilidade, uma vez que conseguem lidar com equipes indisciplinadas;
- eliminar os conflitos de egos;
- mesmo para recompensar times que estejam entregando ótimos resultados.
Esses profissionais podem ser autoritários quando necessário ou mais liberais quando o comportamento da equipe ajuda. Eles são de grande valia, por exemplo, para empresas que incentivam o intercâmbio de funcionários, uma vez que se adaptarão a diferentes cenários com facilidade.
Do mesmo modo, contam com habilidades interessantes para empresas que precisam de um rebranding, uma vez que conseguirão transitar com desenvoltura entre os diferentes setores.
6. Paternalista
Líderes “paizões” ou “mãezonas” são aqueles que transcendem a relação chefe/colaboradores. Nesse profissional, sobra empatia, mas é preciso tomar cuidado para que essa liderança não se torne uma postura muito permissiva.
Nesse cenário, funcionários que pouco produzem se sentirão estimulados a continuar entregando resultados medíocres. Líderes com essa característica devem encontrar um equilíbrio entre profissionalismo e a tolerância.
Por outro lado, não é raro encontrar líderes que sejam simultaneamente paternalistas e autoritários, como uma figura paterna à moda antiga. Novamente, a personalidade forte deve ser equilibrada com a justiça e a capacidade de recompensar bons trabalhos.
7. Técnica
O líder técnico é aquele que tem poucos rivais quando o assunto é conhecimento. Estudioso, é um exemplo natural de crescimento de carreira e de desenvolvimento para os seus comandados. A equipe confia nas suas capacidades e o segue naturalmente.
Contudo, esse líder tem que se certificar de que o seu alto nível de conhecimento seja acompanhado de uma boa dose de empatia. Não adianta muito ter muita capacitação e não ser bom no trato pessoal. Outros pontos fracos que podem surgir nesse líder são:
- certa dificuldade em aceitar inovações (“time que está ganhando não se mexe);
- dificuldade para aceitar opiniões de profissionais com menos bagagem de conhecimento;
- quando o seu foco está apenas na técnica, pode ter dificuldade em se comunicar com cortesia ou transmitir instruções com clareza.
E aí, em qual desses estilos de liderança você e os seus colegas em posição de chefia se encaixam? Embora sejam delimitados, é possível encontrar pessoas que reúnam características de dois ou mais modelos. Toda empresa poderia se beneficiar com “Técnicos situacionais” ou “Democráticos motivadores”, não é mesmo?
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