Imaginemos dois dias de trabalho em uma empresa. No primeiro dia, não há nenhum gestor presente para indicar o que deve ser feito aos trabalhadores, paralisando as atividades. No segundo dia, uma decisão importante precisa ser tomada, mas nenhum dos supervisores está ali.
Esse tipo de cenário não precisa ser um pesadelo sem solução dentro do negócio. Há um modelo de gerenciamento de atividades que ajuda colaboradores de diferentes graus hierárquicos. Por isso, preparamos um post para você entender o que é autogestão e como ela é essencial no mercado atual. Siga a leitura!
O que é autogestão?
A autogestão pode ser definida como um modelo de administração na qual os colaboradores de uma empresa assumem um papel decisivo dentro do negócio. Nessa modalidade, elas passam a contar com mais autonomia, o que eleva a participação dessas pessoas nas tomadas de decisão.
Isso não significa, necessariamente, que todos os funcionários devam ter papel de liderança. A diferença é que a empresa passa a contar com colaboradores mais capacitados e cientes sobre o que deve ser feito, elevando a produtividade geral.
Ela se tornou ainda mais importante na economia brasileira em tempos de pandemia e depois dela, uma vez que muitas empresas adotaram o home office para manter suas atividades, o que exige um senso de autonomia por parte desses trabalhadores, já que nem sempre os gestores podem supervisionar o trabalho dos funcionários como antes.
Essa modalidade ajuda a estabelecer uma divisão mais democrática dos trabalhos a serem desenvolvidos. Na autogestão, cabem aos próprios colaboradores tarefas como:
- divisão das equipes;
- determinação de prazos;
- cumprimento das normas;
- encaminhamento das demandas.
A autogestão resulta em menos cobrança em relação à produtividade, uma vez que os próprios colaboradores compreendem melhor a importância do trabalho de cada um. Desse modo, não é preciso que a empresa adote supervisores que tenham a única responsabilidade de cobrar resultados. Por isso, podemos dizer que a autogestão leva a funcionários mais conscientes e responsáveis.
O que é preciso fazer para adotar a autogestão?
A autogestão é um modelo de organização em que os membros de um grupo, equipe ou organização têm um alto grau de autonomia e responsabilidade na tomada de decisões e no gerenciamento de suas tarefas e responsabilidades. Para adotar com sucesso essa prática, é importante considerar as seguintes características:
- confiança e accountability (responsabilidade): a autogestão pressupõe um alto nível de confiança nos membros da equipe. Eles devem ser confiáveis para cumprir suas responsabilidades e prestar contas por seu trabalho;
- definição clara de papéis e responsabilidades: mesmo em um ambiente autogerido, é importante ter papéis e responsabilidades bem definidos, a fim de evitar ambiguidades e sobreposições;
- tomada de decisão colaborativa: as decisões devem ser tomadas de forma colaborativa, com a participação de todos os membros da equipe. Ela não significa que todas as decisões são tomadas de forma igual, mas sim que todos têm a oportunidade de contribuir;
- transparência: a transparência nas operações e nos processos de tomada de decisão é importante para construir a confiança e a responsabilidade. Os membros da equipe devem entender como as decisões são tomadas e os porquês;
- habilidade de resolução de conflitos: em ambientes de autogestão, é provável que ocorram conflitos. Portanto, os membros da equipe devem ser capazes de resolver conflitos de maneira construtiva e colaborativa;
- cultura de apoio: a cultura organizacional deve ser orientada para o apoio e a colaboração em vez de competição. Os membros da equipe devem se sentir apoiados em seu crescimento e desenvolvimento;
- flexibilidade e adaptabilidade: a autogestão requer flexibilidade para se adaptar a novas situações e desafios. Os membros da equipe devem estar dispostos a mudar suas abordagens e estratégias conforme necessário.
O que significa adotá-la?
Significa implementar um modelo organizacional em que os funcionários têm um alto grau de autonomia e responsabilidade na tomada de decisões e no gerenciamento de suas tarefas e responsabilidades. Isso envolve uma mudança significativa na forma como a empresa é estruturada e operada.
Como a autogestão se diferencia da gestão tradicional?
A autogestão difere significativamente da gestão tradicional em vários aspectos-chave, incluindo a estrutura organizacional, a tomada de decisões, o papel dos líderes e a dinâmica de trabalho. Veja só!
Estrutura organizacional
- Gestão tradicional: as organizações tradicionais geralmente têm uma hierarquia rígida, com várias camadas de gerentes e supervisores responsáveis por tomar decisões e supervisionar os funcionários;
- autogestão: nela, a estrutura hierárquica é frequentemente achatada ou eliminada. Os funcionários têm mais autonomia e responsabilidade, e as equipes autogerenciadas podem substituir as estruturas de gerenciamento tradicionais.
Tomada de decisões
- Gestão tradicional: as decisões são frequentemente tomadas no topo da hierarquia e comunicadas para baixo. Os funcionários têm papel limitado na tomada de decisões estratégicas;
- autogestão: a tomada de decisões é descentralizada. Os funcionários têm mais voz e autonomia para tomar decisões relacionadas ao seu trabalho e às operações da empresa. A colaboração é incentivada.
Papel dos líderes
- Gestão tradicional: os líderes desempenham um papel de supervisão e controle. Eles são responsáveis por definir metas, direcionar as atividades dos funcionários e avaliar o desempenho;
- autogestão: os líderes em um ambiente de autogestão frequentemente atuam como facilitadores ou orientadores em vez de controladores. Eles apoiam o desenvolvimento dos funcionários e ajudam a criar um ambiente propício à colaboração e à autodireção.
Qual é a sua importância na rotina de uma empresa?
Uma das vantagens mais perceptíveis é o aumento da participação e da produtividade dos colaboradores. Isso se explica pelo fato de que as pessoas passam a ter uma compreensão clara das suas atividades e de como realizá-las para otimizar os resultados da empresa.
Outro ponto interessante é que a autogestão se ajusta ao regime de home office, a solução para muitas empresas que querem sobreviver às adversidades. Agora, conheceremos outros pontos positivos dessa modalidade.
Desenvolvimento de espírito de liderança
Como mencionado, a autogestão não tem como objetivo principal eliminar as lideranças, mas garantir que os colaboradores desempenhem o seu papel de forma eficiente e de acordo com as necessidades da empresa.
Assim, ao garantir que tarefas mais complexas e sensíveis sejam distribuídas entre diversos trabalhadores, eles conseguem desenvolver habilidades essenciais para o crescimento da empresa. Isso enriquece as equipes e valoriza o capital humano da empresa, gerando mais produtividade.
Como se não bastasse, nada melhor para a moral de um colaborador que uma empresa que confia no seu desempenho. Por isso, a autogestão também faz com que os funcionários se sintam mais valorizados — e vistam a camisa da companhia.
Melhoria da comunicação interna
Um problema em diversos tipos de empresa é a comunicação falha entre os setores, o que causa danos à produtividade e até mesmo atrasa a entrega de produtos. A autogestão corrige isso, uma vez que cada trabalhador entende a relevância de transmitir instruções claras.
Isso porque ela enfatiza a importância do trabalho de cada um para atingir objetivos mútuos. Para que todos estejam na mesma sintonia, nada melhor que uma comunicação clara e objetiva, não é mesmo?
Otimização do quadro de funcionários
A autogestão é empregada para incrementar as habilidades e a capacidade técnica de cada colaborador. Com essa evolução mútua, os gestores conseguem observar a melhoria da produtividade de cada um e tomar decisões mais embasadas sobre promoções e gratificações.
Além disso, como os trabalhadores se tornam mais qualificados e experientes, há uma aproximação entre líderes e liderados. Caso uma determinada equipe fique desfalcada de um funcionário mais graduado, por exemplo, o modelo de autogestão garante uma substituição à altura.
Há também outros benefícios, como uma maior agilidade nas tomadas de decisões e até mesmo a melhoria no relacionamento pessoal entre os colaboradores. Afinal, como o trabalho em equipe se torna mais dinâmico, a tendência é de que o clima se torne bem mais leve.
Como desenvolver a autogestão na empresa?
Agora que entendemos o conceito, nada melhor do que explicar como desenvolver a autogestão dentro do seu negócio, não é mesmo? Essas dicas valem tanto para si mesmo como para estimular os companheiros de trabalho. Então, vamos lá!
Determine uma rotina
Essa dica não pode faltar principalmente para as empresas que querem praticar a autogestão no trabalho home office ou no trabalho freelancer, por exemplo. Para isso, é imprescindível organizar tudo adequadamente.
Isso pode ser feito por meio de anotações em uma agenda ou até mesmo em documentos online — com o Google Docs, por exemplo. Assim, os colaboradores conseguirão planejar um horário ideal para cada uma das tarefas. Caso você não faça isso, corre o risco de se esquecer de algo ou até mesmo de realizar o retrabalho.
Evite a procrastinação
A procrastinação é o ato de deixar tudo para depois. Ela pode ir além da simples preguiça, já que há a possibilidade de que o cansaço (físico ou mental) acabe tirando a vontade de trabalhar — assim, começamos a adiar tudo indefinidamente.
Para combater isso, nada melhor do que estimular que os trabalhadores estabeleçam intervalos adequados para realizar suas refeições e descansar, principalmente no home office. Só é preciso deixar claro que o serviço deve ser feito, uma vez que os funcionários podem acumular muitos períodos de descanso.
Organize seu ambiente de trabalho
É muito difícil praticar (e incentivar) a autogestão sem um ambiente de trabalho adequado. Isso porque ter tudo organizado ao seu redor fará com que o funcionário sempre tenha à mão as ferramentas que necessitar. E isso ajuda até mesmo a evitar a perda de tempo desnecessária ao procurar alguma coisa.
Imagine que a sua empresa conte com um funcionário que passa mais tempo tentando localizar documentos do que produzindo efetivamente. Desse jeito será difícil confiar na nesse tipo de gestão por parte desse profissional, não é mesmo?
Busque exemplos bem-sucedidos
Quer difundir a autogestão em sua empresa? Então, tenha bons exemplos para demonstrar! Procure profissionais que possam palestrar sobre o assunto e também busque histórias que exemplificam as vantagens de um modelo de autogestão.
É possível encontrar diversos vídeos no YouTube sobre o assunto, além de livros — como “Autogestão — Desenvolvendo Talentos Para Gerir Escolas, Empresas e Instituições”, de Dirceu Moreira. Por meio de exemplos práticos, os gestores terão mais facilidade de agregar esse valor à cultura organizacional.
Entendeu o que é autogestão? Como pudemos ver, ela é um modelo de organização na qual as tomadas de decisão e gerenciamento de tarefas são feitas de forma mais democrática e horizontal. Ela é crucial para os líderes atuais, uma vez que ela qualifica os funcionários e os torna aptos a contribuir de forma precisa.
Gostou do nosso artigo e quer saber mais sobre outras formas de fazer a empresa crescer? Então, leia o nosso post sobre estratégias de fidelização!