Conheça o que é, quais os benefícios e desafios do Afroempreendedorismo

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Afroempreendedorismo é um movimento que promove o empoderamento da população negra no mundo dos negócios, combinando geração de renda e inclusão social, tornando-se a base para mudanças nas estruturas que perpetuam a desigualdade racial.

Funciona da seguinte forma: o poder empresarial é redistribuído quando pessoas de grupos historicamente discriminados assumem posições de liderança por meio da criação de seus próprios negócios.

Porém, trata-se de um processo em desenvolvimento, com impactos significativos e desafios importantes. Vamos entender melhor?

O que é o Afroempreendedorismo?

O racismo é uma realidade que marginaliza populações não brancas, impedindo que elas ocupem espaços que também lhes pertencem, como o ambiente corporativo. Esse processo gera uma conjuntura de falta de oportunidades de emprego formal, limitação de vagas e salários menores no mercado tradicional.

Nesse contexto, o Afroempreendedorismo é uma iniciativa que abrange as esferas econômica e social, visando incentivar e apoiar pessoas negras a criarem seus próprios negócios. Para que você tenha uma ideia, seu impacto é da ordem de R$ 1,73 trilhão por ano.

No entanto, é importante desfazer equívocos comuns sobre o conceito. Afinal, afroempreendedorismo não se restringe a projetos voltados apenas para o público negro ou que necessariamente precisam se amparar nessa identidade étnico-cultural em suas propostas.

Entretanto, o movimento fortalece o senso de comunidade ao preencher lacunas mercadológicas geradas pela marginalização de grupos consumidores, que, antes não eram atendidos pelas organizações existentes.

Além disso, esses empresários abrem portas, contratando funcionários e fornecedores dentro desse perfil. Como consequência, ampliam a movimentação de dinheiro nessas camadas populacionais e servem de ferramenta de emancipação, removendo um vínculo de dependência usado como instrumento de segregação. 

Quais são os impactos desse movimento?

Tanto do ponto de vista social quanto do econômico, o Afroempreendedorismo agrega benefícios. Descubra os principais:

Empoderamento

O Afroempreendedorismo é um meio de empoderamento. Ele serve para garantir a independência em relação aos fornecedores tradicionais, mais oportunidades de trabalho e a superação de barreiras encontradas pelas pessoas negras enquanto agentes econômicos. Com isso, há uma ruptura de padrões que geram desigualdade racial e social.

Afinal, esses empresários têm um amplo conhecimento sobre seu público, sendo capazes de entregar soluções que realmente atendam às suas reais necessidades e integrando uma clientela que esteve historicamente afastada do perfil considerado alvo para os negócios de fora do movimento.

Além disso, passam a ocupar uma posição de liderança, que por muito tempo era restrita. Desse modo, tornam-se exemplos e inspiração para que os jovens em suas comunidades reconheçam seu direito de ocupar esses espaços.

Inovação

A inovação é outro ponto positivo sobre a demanda desse público. Propostas que rompem com o que era oferecido anteriormente no mercado e atendem às necessidades reais se destacam nesse contexto.

Há exemplos em diversas áreas, como serviços financeiros, consultorias para afroempreendedores, cosméticos específicos, plataformas digitais, literatura e moda, entre outras iniciativas.

Visibilidade

No contexto em que fornecedores, empreendedores, colaboradores ou clientes são parte de uma população negligenciada até mesmo pelas marcas, criar uma cadeia produtiva em que esses papéis sejam desempenhados por e para essas pessoas garante sua visibilidade.

Tal valorização está tanto no âmbito individual quanto no coletivo, com a ocupação de posições que não eram acessíveis em outros cenários. Logo, se inicia a construção de um mercado pautado por uma ética antirracista e socialmente inclusiva.

Impacto social nas comunidades

Como ação, o Afroempreendedorismo não é baseado na individualidade, como outros movimentos de autossuficiência financeira por meio dos negócios. Trata-se de uma proposta com forte traço coletivista — característica surgida a partir dos enfrentamentos comuns como a escravidão e a desigualdade. 

Diante disso, as ações para fortalecer esses empresários geram ganhos no âmbito comunitário. Na prática, essas consequências abrangem:

  • aumento da circulação de dinheiro entre grupos socialmente marginalizados;
  • maior acesso a crédito e ao consumo;
  • desenvolvimento baseado no apoio mútuo;
  • expansão da empregabilidade dentro das populações racialmente segregadas.

Quais são os desafios enfrentados pelos afroempreendedores?

Embora o Afroempreendedorismo traga conquistas significativas, ele enfrenta desafios que vão além dos obstáculos comuns a quem inicia um negócio no Brasil. Veja os principais:

Dificuldade de acesso a crédito

Boas ideias, mesmo quando têm público, dependem de um aporte financeiro inicial para acontecer. Isso é um desafio para todos, mas impacta especialmente os empreendedores negro, que muitas vezes não têm contatos ou redes de apoio financeiro. 

Questões raciais e sociais agravam esse desafio, tornando o acesso a recursos em bancos, fundos de investimentos e outros canais de crédito mais difícil.

Como resposta, o próprio afroempreendedorismo tem criado soluções como, fintechs e financeiras com foco social que priorizam pequenos projetos.

Falta de redes de apoio

As redes de apoio têm muitas funções quando uma pessoa vai começar um negócio. Elas são fonte de informação sobre como proceder, dão acesso a recursos, abrem portas para parcerias ou vendas, fornecem auxílio para que empresários se dediquem integralmente a construir seus negócios.

No entanto, não é incomum que os círculos de suporte de empreendedores negros e periféricos enfrentem também barreiras discriminatórias ou dificuldades próprias para se manter. Como efeito, o desafio fica maior. 

Felizmente, hoje existem iniciativas dentro do Afroempreendedorismo que buscam suprir essas lacunas com consultorias, financiamentos, e oportunidades de networking. A elas se somam entidades como o Sebrae, que estão continuamente desenvolvendo projetos pensados para pequenos negócios.

Preconceito e discriminação

O racismo estrutural também afeta a trajetória dos afroempreendedores, dificultando o acesso a financiamento e suporte. A discriminação em posições de liderança ou inovação é mais um desafio a ser superado.

Para superar essa barreira, os empresários têm desenvolvido soluções direcionadas a consumidores marginalizados, o que reduz a dependência das cadeias de consumo tradicionais.

No longo prazo, os exemplos que esses empresários fornecem têm potencial de corroer visões limitantes acerca de quem pode ocupar quais espaços, ampliando o número de iniciativas antirracistas para reduzir mais e mais esses desafios.

O afroempreendedorismo não é só uma proposta social ou uma boa ideia de negócios. É um movimento que está rompendo as restrições para que pessoas negras assumam seus espaços de direito no ambiente empresarial. Dessa forma, conta com um impacto cultural que pode tornar o mercado menos discriminatório.

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